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Artigos Relacionados

Artigo I
Assédio moral. Quem é o verdadeiro inimigo?
Dra. Elizabeth Zamerul | 31/01/2007
Estudos recentes mostram que em cerca de 90% dos casos de assédio moral o chefe é o agressor. A desigualdade de poder vista por toda parte influencia fortemente os comportamentos individuais na nossa sociedade e se manifesta através de inúmeros jogos de poder nas relações. Destes jogos, o da vítima e o vilão é o mais básico. Cada pessoa escolhe um destes papéis, mesmo que inconscientemente, de acordo com a sua tendência de personalidade e condicionamentos culturais.

Embora os indivíduos caminhem no sentido de descobrir seu poder de ação para a auto-realização em várias áreas, incluindo a profissional, no seu relacionamento com a autoridade, esta evolução ainda é lenta. Uma boa parte ainda não consegue resolver os conflitos que surgem e, por isto, se submete ao chefe, aceitando a dominação e, à vezes, a hostilidade. Desta forma, o assediado contribui para que não haja conseqüências para o superior hostil e assim, a tortura psicológica cresce a cada dia.

E o chefe, qual é o seu contexto? A percepção dele, nas últimas décadas, é de perda de poder, autonomia e prestígio, o que fere seu orgulho. Além disto, o aumento das pressões, responsabilidades e da enorme competitividade, inclusive com as mulheres, gera perda de espaço profissional e conseqüentemente, muitos sonhos de realização profissional e material frustrados.

Para alguns, o relacionamento com algum subordinado mais passivo (na maioria dos casos, uma mulher) se mostra como a brecha, isto é, o espaço onde ele, consciente ou não, tem a possibilidade de compensar estas perdas, sentindo-se novamente poderoso. Seu passaporte para este poder pode ser o papel do vilão.

Nesta relação doentia, o crescimento da hostilidade é insidioso e crônico. Com o tempo, o chefe se torna dependente deste prazer fácil e quer mais. Enquanto o subordinado humilhado, ao viver esta violência cotidiana, perde, cada vez mais, a auto-estima e a autoconfiança e, com isto, a sua capacidade de agir para resolver o problema, o que explica o seu agravamento.

Mas, afinal, quem é o inimigo deste subordinado que sofre o assédio moral? Muitos responderiam que é o chefe. É dele que este funcionário precisaria se livrar. Estes se enganam e as estatísticas mostram que, se ele simplesmente mudar de área ou de emprego, tenderá a encontrar outro vilão no seu caminho, o que é compreensível, pois está condicionado a funcionar de forma passiva, como vítima.

Então, seu inimigo não é o chefe. Outros diriam que o inimigo do assédio moral é o medo. É verdade que este subordinado vive intensamente o medo da perda do emprego ou da posição, mas, como qualquer outra emoção humana desagradável, ele é natural e existe como um desafio a ser vencido. Seu inimigo real constitui-se de várias crenças que ele carrega; por exemplo, da sua fragilidade, da falta de merecimento do melhor, da falta de poder diante da situação, da sua visão de que não tem escolha e outras idéias restritivas que lhe fecham as portas para as soluções.

É por tudo isto que se pode afirmar que a solução está em fortalecer-se, em corrigir suas crenças a fim de perceber seu poder, sair do papel da vítima e treinar o do protagonista. E o que é isto? Segundo Rui Mesquita, "Protagonismo é a concepção da pessoa como fonte de compromissos, que é a responsabilidade; como fonte de liberdade, que é opção e como fonte de iniciativa, que é ação. Desta forma, a pessoa aprende fazendo, ocupando uma posição de centralidade no processo e é indutora de mudanças". Protagonista é um papel que se escolhe e se desenvolve e isto não é natural e só o assediado pode ajudar-se, treinando esta postura de força verdadeira para vencer seu medo. Além disto, ele pode buscar ajuda, ler e discutir sobre o seu problema com quem entende; enfim, ampliar a sua visão deste distúrbio, das relações e de si mesmo, encontrando, assim, seus verdadeiros recursos para solucionar o assédio moral e realizar-se profissionalmente.


Artigo II
Dependência emocional: a base do assédio moral.
Dra. Elizabeth Zamerul | 25/04/2007
A figura da autoridade é realmente importante para dar diretrizes na formação da personalidade da criança. Contudo, na vida profissional uma autoridade é menos ou mais necessária, dependendo do contexto e da maturidade que o empregado adquiriu na sua função. Tanto é assim que alguns colaboradores da empresa se tornam bastante autônomos, sem deixar de dar ótimos resultados.

Porém, a nossa sociedade compartilha da crença de que as pessoas precisam do amparo, aceitação, reconhecimento e aprovação de algumas outras, como se fossem frágeis por natureza. Isto resulta na manutenção da imaturidade emocional de muitos profissionais, que, inseguros, continuam o processo infantil de dependência emocional, especialmente em relação ao chefe direto. E por que isto é um problema? Porque dando tanta importância à percepção e opinião do líder, este subordinado tende a colocar parte do seu poder de escolha e ação nas mãos daquele.

Um segundo motivo é que, assim como a criança se fixa na mãe, o colaborador tende a se fixar no chefe, como se este fosse o responsável pela sua sobrevivência profissional. Por outro lado, observando-se a dinâmica de um chefe muito autoritário, o que talvez seja mais difícil de notar, até mesmo pela posição que ocupa, é que ele também é emocionalmente infantil. Geralmente, ele assume defensivamente um papel de prepotente, visando justamente esconder esta fragilidade ou dependência.

No entanto, uma análise mais acurada mostra que ele também vive a crença de precisar "daquele subordinado" para se sentir forte e, aos olhos dos outros, importante. Unindo-se os contextos psicológicos de ambos, que sofrem de co-dependência, temos o alicerce para a construção do assédio moral, um relacionamento permeado por humilhações repetitivas, por tempo prolongado. Dependência emocional: a base do assédio moral (cont.) Dra. Elizabeth Zamerul* Mas, o respeito parece um argumento tão irrefutável! Por que o assediado não enfrenta seu chefe? Por causa do seu distúrbio, isto é, da crença de que precisa daquele chefe para se realizar na carreira e do seu medo de perder o emprego ou algo mais. Isto também faz com que ele ceda às vontades, jogos ou imposições do chefe. Além disto, quanto mais severa a dependência, pior será a auto-estima, o sentimento de inferioridade, de não merecimento, baixa autoconfiança, pouco autoconhecimento e incompetência para administrar as próprias emoções.

Assim, colocando-se como dependente na relação, o assediado abre uma brecha perigosa para o abuso de poder por parte do outro. O processo de dominação é lento e crescente. Inicialmente, pela sua própria fragilidade, o colaborador atribui a si a culpa pelas humilhações ou maus-tratos do chefe. Quando "acorda" e tenta escapar das garras daquele, está ainda mais frágil e não sente forças para tanto, o que agrava o assédio.

O número de assediados é maior entre as mulheres porque elas aprendem a dar mais importância às relações desde criança e têm mais tendência a colocar o chefe no lugar da autoridade provedora das suas necessidades, ou seja, elas depositam nele as funções de um pai (ou mãe), o que demonstra a imaturidade. A boa notícia é que é possível curar este distúrbio. Para isto, uma pessoa precisa reconhecer a sua contribuição na gênese do problema e procurar ajuda através de livros de co-dependência, ou pedir ajuda ao RH da empresa, de um psicoterapeuta etc.

O roteiro para sair desta relação doentia é a pessoa aprender a tirar o chefe do centro do problema e a observar mais o seu próprio comportamento. Ela iniciará um caminho de autodescoberta e retomará o seu poder para se cuidar, assegurar-se em si mesma e achar seus próprios rumos para tornar-se profissionalmente realizada. Assim, tornando-se emocionalmente independente e adulta ela não mais precisará do amparo e aprovação de um chefe e sim quererá usufruir destes aspectos do bom relacionamento líder-liderado porque, na medida adequada, são muito bons e saudáveis.


Artigo III
Você acha que está sendo vítima de assédio moral? Veja dicas de como agir para acabar com o problema:
www.assediomoral.org
1) É bom anotar todas as agressões sofridas, com data, local, nome do agressor, o conteúdo da agressão e os colegas que testemunharam. Igualmente importante é guardar documentos que atestem a pressão do assédio: bilhetes ou emails com ordens descabidas ou ofensivas.

2) Conversar com colegas que tenham passado ou estejam passando pelo mesmo problema também é bom. Se há mais de uma pessoa se sentindo vítima do assédio moral, mais força terá o grupo de vítimas para conseguir a solução internamente na empresa ou buscar soluções jurídicas.

3) O assédio ganha as páginas dos jornais normalmente quando o assunto chega aos tribunais, mas antes de procurar a Justiça, é recomendável tentar resolver a situação na empresa. Comece comunicando o fato ao RH.

4) Na aproximação com o agressor para falar do assunto, é bom estar sempre acompanhado para ter uma testemunha do teor da conversa. Também é recomendável exigir explicações do agressor por escrito. Cartas pedindo explicações - e a resposta do acusado - devem ser encaminhadas ao RH.

5) Se no âmbito interno não houver solução, vale buscar ajuda no Centro de Referência em Saúde do Trabalhador e relatar a humilhação sofridas ao médico, assistente social ou psicólogo.

6) Com o respaldo médico dos danos sofridos com as agressões, aí sim você deve procurar assistência jurídica.


Artigo IV
Ignorância corporativa.
Enquanto uma cientista social afirma que até pressão por resultado é assédio moral, um advogado nega a existência deste problema nas empresas.
Fábia Prates
Lá está você começando um dia de trabalho quando seu "querido" chefe aparece cobrando um relatório qualquer. Se ele surge aos gritos, fica evidente que é um maluco e que você pode processá-lo por assédio moral. A Justiça brasileira tem dado ganho de causa a vários profissionais que passaram por isso. Agora, se o manda-chuva é irônico ou, menos que isso, faz uma cobrança mais incisiva, sem gritar, mas de cara feia, o que temos aqui: uma situação de assédio moral ou não? A questão é polêmica. Para responder a esta dúvida entrevistamos a cientista social Cátia Muniz e o advogado trabalhista Marcelo Batuíra, ambos de São Paulo. Confira a seguir.



"PRESSÃO POR RESULTADO É ASSÉDIO MORAL"
Cátia Muniz, 33 anos, cientista social, doutoranda na área de trabalho, política e sociedade da Unicamp (SP)

O que pode ser considerado assédio moral?
As discussões acadêmicas hoje têm ampliado o significado do assédio moral. O chefe gritar ou demitir nas férias e até o colega que pega no pé do outro controlando, por exemplo, o tempo de permanência no banheiro são questões passíveis de serem julgadas como assédio moral. O principal respaldo à acusação são os danos psicológicos que alguma ação dentro da empresa causa no colaborador. Assédio moral é, então, tudo que constrange, humilha e traz conseqüências psicológicas. Aliás, a pressão por resultados, dependendo de como a empresa a faz, também pode ser listada como tal.


Até onde a empresa pode ir sem correr o risco de ser acusada de assédio?
A empresa pode se prevenir valorizando mais o trabalhador. Deixar um pouco de lado a busca incessante por resultados e lembrar que, se estiver num bom ambiente de trabalho, o funcionário vai produzir mais. É necessário humanizar as relações no trabalho.


Como o trabalhador pode ser proteger?
As pessoas não sabem direito o que é assédio moral. Em uma das organizações em que faço minha pesquisa de campo, um trabalhador relatou várias situações que poderiam ser classificadas como assédio moral, mas ele não se deu conta disso. Há um desconhecimento geral sobre o assunto. A saída é se informar a respeito e conversar com os colegas sobre o tema. Assédio moral tem que virar assunto cotidiano.




"NÃO EXISTE ASSÉDIO MORAL NAS EMPRESAS"
Marcelo Batuíra, 35 anos, advogado trabalhista, que já deu parecer para 20 empresas a respeito do assunto

O que pode ser considerado assédio moral?
A lei não define o que é assédio moral. O correto é considerar a definição de coação do Código Civil, que é uma imposição feita sob ameaça de lesão. Mas quem a faz precisa se utilizar de uma atitude ilícita. Logo, se conclui que o assédio moral é uma contradição em si mesma. Não há como ameaçar alguém apenas "moralmente". É muito comum, assim, a confusão entre o que seria assédio moral e a mera pressão do trabalho, o que é absolutamente normal. Infelizmente, muitos juízes também acabam fazendo essa confusão.


Até onde a empresa pode ir sem correr o risco de ser acusada de assédio?
Não há muito como evitar esse risco, porque tal matéria não está regulada em lei. O que dá para um chefe fazer é evitar dar "broncas" por escrito. Deve fazer as advertências e "pressões" sempre a portas fechadas, ou seja, sem testemunhas, e não usar palavras de baixo calão ou ofensas pessoais. Por último, evitar vincular ordens de serviço ou trabalho com ameaças veladas em relação ao emprego. Se tiverem que demitir o empregado, que o façam sem avisar antes.


Como o trabalhador pode ser proteger?
Se proteger? Contra o quê? Não existe assédio moral, nem tecnicamente nem na prática.


Simone, Jaqueline, Franciele, Josiele, Bruna
Assédio Moral - PUC-PR